Durante décadas, Cuba usou agrotóxicos e adubos químicos na
agricultura. Hoje, quase toda a agricultura é orgânica, mostrando como
alimentar um mundo faminto.
Os
Estados Unidos impuseram um embargo econômico à Cuba comunista,
forçando a pequena nação a depender do comércio com a União Soviética e
outros países do bloco comunista. Condições comerciais generosas,
oferecidas pela União Soviética, permitiram que Cuba vendesse seu açúcar
por cinco vezes o preço de mercado e comprasse petróleo e defensivos
agrícolas a baixo custo. Cuba dependia da importação de alimentos —
comprando 100% do trigo, 90% do feijão e 50% do arroz consumido.
Milhares de tratores foram comprados para substituir os tradicionais
arados puxados por bois.
Após
a revolução cubana em 1959, quando Fidel Castro chegou ao poder, Cuba
entrou em período de rápida modernização. A agricultura cubana foi
industrializada, dominada por amplas monoculturas de produtos para o
mercado (principalmente açúcar e fumo, mas também banana e café).

O
colapso da União Soviética em 1989 foi um desastre para Cuba. O
cancelamento da ajuda soviética significou que 1.300.000 toneladas de
adubo químico, 17.000 toneladas de herbicidas e 10.000 toneladas de
agrotóxicos não podiam mais ser importadas e o combustível disponível
para a agricultura diminuiu drasticamente. Em um ano, Cuba perdeu mais
de 80% de seu comércio e os preços do açúcar caíram. Pela primeira vez
desde a revolução, o povo cubano enfrentou fome e desnutrição.
Para
fazer face a essa crise, o governo e povo cubanos vêm trabalhando
durante a última década com os recursos que restaram — gente, terra,
animais, conhecimento e criatividade.
Milhares
de pequenos lotes de terra dentro e nos arredores da capital, Havana,
foram distribuídos a moradores que os transformaram em hortas
produtivas. Em 1998, já havia mais de 8.000 sítios urbanos e hortas
comunitárias cultivados por mais de 30.000 pessoas.
Hoje, essa agricultura urbana supre boa parte da necessidade de alimentos de Cuba (veja o quadro abaixo).
As hortas urbanas de Cuba
A quantidade de alimentos produzidos pela agricultura urbana aumentou de 40.000 toneladas em 1995 para 115.000 toneladas em 1998. Em 1999, a agricultura urbana orgânica (principalmente em Havana) produziu:
65% de todo o arroz consumido no país
46% dos vegetais frescos
38% das frutas não cítricas
13% de raízes, tubérculos e bananas
6% dos ovos
A quantidade de alimentos produzidos pela agricultura urbana aumentou de 40.000 toneladas em 1995 para 115.000 toneladas em 1998. Em 1999, a agricultura urbana orgânica (principalmente em Havana) produziu:
65% de todo o arroz consumido no país
46% dos vegetais frescos
38% das frutas não cítricas
13% de raízes, tubérculos e bananas
6% dos ovos
Quase
toda a produção desses sítios é orgânica, pois é proibido por lei usar
agrotóxicos dentro dos limites da capital. Os agricultores urbanos
também descobriram que os problemas com pragas diminuíram devido à
grande diversidade das plantas cultivadas. “Estamos atingindo o
equilíbrio biológico. As pragas estão sendo controladas pela presença
constante de predadores no ecossistema. Quase não preciso aplicar
qualquer substância para o controle”, comenta o responsável por uma das
hortas urbanas. No campo, criaram bois para substituir os tratores que
se tornaram inúteis devido à falta de combustível e de peças
sobressalentes. O esterco é usado para fertilizar e para formar a
estrutura do solo. Um sistema integrado de controle de pragas está sendo
desenvolvido para substituir os pesticidas que não estão mais
disponíveis.
Foram
estabelecidos mais de 200 centros regionais para informar sobre o
controle biológico de baixo custo para substituir os defensivos
agrícolas. A broca da cana-de-açúcar é combatida com enxames de um tipo
de mosca parasítica, a Lixophaga. As lagartas são combatidas por uma
pequena vespa, a Tricograma, que se alimenta dos ovos das lagartas.
Talos de bananeira são embebidos em mel para atrair formigas; estes
talos são depois colocados nas plantações de batata-doce, onde as
formigas controlam a broca da batata-doce — uma das grandes pragas.
Utilizando
com sucesso técnicas orgânicas em todo país, Cuba virou a sabedoria
convencional de cabeça para baixo. Mostrou que consegue alimentar sua
população — neste caso 11 milhões de habitantes — sem precisar de
produtos químicos caros. Mostrou, também, como a produção em pequena
escala pode ser eficiente, com a maior produtividade vinda de várias
hortas urbanas cultivadas pela população local. Trata-se de um estudo de
caso muito importante para o debate sobre a possibilidade de alimentar o
mundo com formas ecológicas de agricultura.
Para mais informações, entre contato com o Grupo de Agricultura Orgânica:
Tulipan 1011 e/Loma y 47 • Apdo. Postal 6236C • Código Postal 10600 • Nuevo Vedado • Ciudad de La Habana • Cuba • Telefone e fax: 00xx53 (7) 845-387 • E-mail actaf@minag.gov.cu
Tulipan 1011 e/Loma y 47 • Apdo. Postal 6236C • Código Postal 10600 • Nuevo Vedado • Ciudad de La Habana • Cuba • Telefone e fax: 00xx53 (7) 845-387 • E-mail actaf@minag.gov.cu
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